ESQUEMA SÍMIO: confira texto que revela detalhes sobre o novo single do projeto
Postado em 21/12/2025


A banda ESQUEMA SÍMIO está prestes a lançar o seu novo single, “Funcionário do Mês”, e, para marcar a ocasião, o grupo divulgou um texto que apresenta aos leitores o seu contexto artístico.

A contemporaneidade já foi chamada diversas vezes de uma época marcada pela morte das utopias. Ainda que compreensível, essa afirmação me parece apressada como um trabalhador atrasado que corre para pegar o ônibus sem olhar com todo o cuidado necessário para os dois lados da rua. Sem dúvida, o século passado deixou como herança um olhar embaçado (e cansado) que já não consegue vislumbrar com clareza os espaços paradisíacos que nas curvas do passado pareciam se esconder nos horizontes do futuro. Apenas as distopias se revelam ao mesmo tempo, mais visíveis e mais palpáveis.

A confluência de perspectivas, no entanto, parece-me permitir uma visão mais aguçada. O impulso utópico não morreu, mas se individualizou. Tornou-se uma trajetória solitária em busca de um idílio particular. As velhas utopias não desapareceram, somente assumiram uma nova forma sob o signo de um sistema que já foi visto como modelar: o capitalismo. Os ideais de mérito e de sucesso se tornaram as lentes que dimensionam o agora e projetam o amanhã, modulando um cotidiano que nos esmaga entre o que somos e tudo que poderíamos (deveríamos?) ser.

A canção “Funcionário do mês”, da banda baiana ESQUEMA SÍMIO, descreve com notas e cores fortes (ainda que o cinza predomine) essa sensação de busca constante e inglória por um rótulo de realização que encobre a exploração que transforma a todos nós em peças de mesma engrenagem utópica-distópica, pelo menos enquanto ainda conseguimos manter a roda girando. Os primeiros acordes da canção soam como o cansaço acumulado no fim do dia, da semana, da vida. O passo arrastado de volta para casa.

Mas o vocal destila fúria nas estrofes, resultado de uma consciência que é potencializada no refrão, de forma lírica e triste, como muitas das epifanias o são. Esse contraste de ritmos e de timbres espelha a dualidade que nos faz nos apressar no início da manhã e desmoronar no fim da tarde. E desejar alguma forma de reconhecimento, mesmo que seja só por um mês.

Como todo reflexo mais fiel da realidade, não há homogeneidade na maneira de vivenciar ou mesmo de perceber tal paradoxo. A desigualdade é uma das forças motrizes de toda a maquinaria que nos engole. E, neste aspecto, algum limite um pouco mais claro pode ser notado entre as utopias de alguns e as distopias de muitos. Dentre estes, a desproporcionalidade da miséria e dos abusos é sentida principalmente na pele, na cor da pele.

Em seus últimos versos, a canção denuncia esse ódio incontido e diário que olha de cima, sem se preocupar em quem pisa. A raiva justificada das palavras da estrofe ecoa na percepção reafirmada pelo refrão de que consciência de si é, inevitavelmente, consciência de classe. Nada poderia ser mais tradicionalmente utópico. Nada poderia ser mais contemporaneamente antiutópico. Com isso, ESQUEMA SÍMIO nos recorda que a correria de todo dia não pode impedir que olhemos para os dois lados, não apenas da rua, mas de tudo que nos cerca ou tenta nos cercar.

“Funcionário do Mês” será lançado neste mês de dezembro em todas as plataformas de streaming do mercado.

Para mais informações sobre as atividades da banda ESQUEMA SÍMIO e dos demais artistas da empresa, basta entrar em contato com a MS Metal Press através do e-mail [email protected].

 
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