Resenha de CD originalmente publicada pelo blog Road to Metal
Por Gabriel Arruda
O teor do Prog Metal vem alongando percursos aqui no Brasil com a difusão de grandes bandas. Radicalismo por parte do caráter sonoro, desenvolvido nos discos, é, desde cedo, continuo no pensamento dos ouvintes. Mas técnica e sensibilidade são algo que, no meu raciocino, deve ser mostrado com livre arbítrio e soberania, não escondendo do que sabe fazer de maneira alguma, ainda mais por meio da arte musical. Por essas razões e outras que os sergipanos do OUTMASK condensam essa proposta em “A Kind Of Being”.
De forma súbita e exata, surpreendemo-nos com o conjunto de técnica agregado pelo quinteto, atentado pela complexibilidade e da fisionomia sonante, que é, consideravelmente falando, árdua, emulando faces de Metal Tradicional sem restrições, impedindo qualquer tipo de expressão fatídica e cansada. O que eu achei estranho são as faixas, que soam parecidas com as outras, tornando o trabalho monótono e sem percursos que te levam a diretrizes mais diferentes.
A produção é outro aspecto que deve ser observado e que dever ser melhorado no próximo trabalho do grupo, tangendo uma sonoridade muito morna e suja, que é incomum dentro do Prog Metal, sendo mais cabível uma textura mais limpa e elegante. Não estou dizendo que é ruim ou algo parecido, mas que poderia ser mais prudente. A ilustração de capa é assinada por Christian e Vivian Dutra, mostrando uma espécie de extraterrestre, fomentado pelo que passa na parte lírica.
Embora tenha alguns pontos que precisam ser ajeitados, vale evidenciar a musicalidade do grupo, não deixando a desejar em questão de musicalidade, que é bem cheia em cada uma das faixas, sendo, até então, o único ponto forte do disco. Os principais destaques ficam por conta da longa “Awekening”, que traz peso e mudanças de tempo, com ótimas harmonias de teclado; “Contact” navega em compassos mais limpos, estampado por uma linguagem mais jazzística, com o Marcel Freitas roubando a cena com fortes timbres de baixo; “Numb” é marcado pelas melodias de piano, mas que anima pelo trabalho rítmico cheio de variação, vindo da solida “Wilting”; “Divinity” vem numa pegada atrativa, vagueado por fases limpas e pesadas, esbanjado por nove minutos de técnica.
É um bom trabalho, mas que pode ser melhor se os fatores que citei um pouco acima forem devidamente planejados do modo certo.